Como o tempo passa...

Em 2003 Podolski aparecia no Colónia, com 18 anos e a oscilar entre o desejo do sucesso e o medo do fracasso. Mas, 3 épocas, 85 jogos e 51 golos depois, o garoto nascido na Polónia tornou-se um caso cada vez mais sério no panorama futebolístico.

Não sou da altura que me vêem mas sim da altura que os meus olhos podem ver, já dizia Fernando Pessoa. Ontem, numa noite de casa cheia, o Sporting finalmente venceu o aflito Tondela. Num jogo com 5 golos mas apenas 2 marcadores, os leões mostraram que têm qualidade nos seus mais novos, que o holandês lá da frente farta-se de festejar por metro quadrado e que, afinal, aquilo que todos ouvimos mas não acreditamos pode mesmo ser verdade: o tamanho não interessa, mas sim a qualidade.

Daniel Podence provou-o, de um jeito simples para ele mas imprevisível para os adversários. E ser diferente é meio caminho andado para fazer a diferença. Lembrem-se, não falo do tamanho, sim da qualidade.

P.S. - O Bas Dost fez um póker, tem 22 golos em 22 jogos na liga e esteve à beira de fazer 5 - Jesus ainda tem de lhe ensinar a arte dos penaltis - mas... desculpa, Dost, se tu empurraste a bola o garoto empurrou a equipa. Na verdade, ambos fizeram a diferença.

Uma fotografia sem cor, um homem de costas e uma mão erguida em forma de despedida. O rosto, esse, espreita meio de lado, meio para trás. As botas já não pertencem aos pés e vão, agora, nas mãos. Uma forma simples de dizer que chegou aquela maldita hora. É desta maneira discreta que um dos melhores desliga as luzes e abandona o seu palco. O Xabi acaba no fim desta época e isso é desolador!

"Estes gajos ganharam 4-0 e vão aqui parece que perderam" diz um português à saída do Signal Iduna Park! 

Em jogo estava muito mais do que uma vitória: tratava-se de orgulho, carácter, de limpar uma imagem que tanto custou a ganhar e permanecer na prova que representa o topo do futebol. Fazer o que ainda não foi feito: virar uma eliminatória depois de ter perdido por 4-0! Ora, para tal, o Barcelona tinha de fazer das tripas coração. Verdade seja dita, se havia alguém capaz de fazer o que ainda não tinha sido feito, esse alguém era Messi, Iniesta, Suarez, Neymar e companhia. Ou seja, o Barça.

E com uma enorme fome de bola o Barcelona foi engolindo o PSG. Ao intervalo, o 2-0 acalentava sonhos e o medo já se sentia no rosto parisiense. As cautelas eram demasiado evidentes e os franceses desdobravam-se em mil para fechar brechas, esconder a baliza e emendar erros. Não tinham mãos a medir nem bola para jogar!

A segunda parte prometia mais do mesmo: os culés em cima, a carregar, e um PSG demasiado tímido. Os jogadores vulgarizavam-se na mediocridade do sofrimento. Já ninguém queria ter classe, apenas sobreviver. E eis que, como quem não quer a coisa, lá entregaram o 3-0 ao astro Messi. Que agonia!

A partir daqui tudo seria possível. O céu e o inferno pareciam à distância de um golo, aquele que o Barça queria, para empatar, e o que Cavani marcava, para decidir. Com o 3-1 no placard os franceses silenciaram Camp Nou. Calaram aquela voz interior de todos os que torciam por um milagre. Para os adeptos da casa o jogo até estava ganho mas a eliminatória, essa, entregue. Errado, pura ilusão. O futebol é isto mesmo, uma incógnita. O jogo ganha-se em momentos, num mero lance, um mero acaso ou na infantilidade de uns aproveitada pela genialidade de outros. O resultado advém do toque da bota, da luva...e de Midas!

E foi precisamente isso que aconteceu: o Barça ressuscitou, ergueu-se das cinzas e matou um PSG ligado à máquina. E não é que o impossível foi alcançado?

Um 6-1 num jogo que, mais do que uma vitória do Barça, tornou-se património futebolístico da humanidade.


Que noite HISTÓRICA!