Os vizinhos Mou, Wenger e Alex.

Entre gozo e insulto, todos nós vamos descarregando frustração no vizinho do lado. O grito do golo dele é uma faca no nosso peito, são redes...

Entre gozo e insulto, todos nós vamos descarregando frustração no vizinho do lado. O grito do golo dele é uma faca no nosso peito, são redes a abanar sem recompensa de pescaria, é que o mero e reles sorriso dele para nós é insulto e a raiva cresce ao ver que a equipa dele foi capaz daquilo que a nossa não conseguiu. No ano seguinte, tentamos novamente, ganhamos, explodimos de felicidade e nem sequer olhamos para o carrancudo do vizinho que está prestes a fulminar-nos. Esta é a historia de tantos adeptos no mar da rivalidade, ou pelo menos de como reagimos, sem pensar, no estranho mundo da guerra que é o futebol. Podia ser diferente? A resposta não é podia, é pode. Com palmas e sem insultos. Num último adeus percebemos que tudo pode ser diferente. Esse ultimo adeus foi hoje, em Old Trafford.

São momentos como este que nos fazem acreditar que os sonhos se constroem mesmo naquele teatro. Encontramos rivais de sempre, juntos, e numa escalada de humanidade chegamos a um golo magnífico carregado de aplausos. Percebemos, finalmente, que um inimigo é só um sinónimo de respeito por alguém que sabemos que pode vencer-nos, a quem reconhecemos talento e sabedoria suficientes para estragar a harmonia da nossa paixão. Em última instância, aplaudimos o vizinho, por saber que afinal era só um amigo de camisola diferente.

Não foi só um momento de respeito, foi uma lição de humanidade, e como essas nunca são de mais, convido-vos a que não se esqueçam dos vizinhos Mou, Wenger e Alex.


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