Estoril - Benfica: Revolta encarnada trouxe justiça

O Benfica vinha motivado pelo desaire do Sporting e estava focado na aproximação à liderança. Entrou forte, viu o poste negar-lhe o golo e ...

O Benfica vinha motivado pelo desaire do Sporting e estava focado na aproximação à liderança. Entrou forte, viu o poste negar-lhe o golo e Bonatini aproveitar a primeira (e única) ocasião para os estorilistas. Aos 11 minutos, e contra a corrente do jogo, o Benfica tinha uma missão complicada pela frente (ficando sempre a sensação de que estava longe de ser impossível). Numa segunda parte de sentido único, Mitroglou - acabado de entrar - e Pizzi transformaram a revolta em reviravolta. Uma vitória suada mas tranquila. A luta persegue e este frágil Estoril é fraco de mais para travar tamanha vontade de vencer.

Foto: Reuters
A equipa da linha apresentava-se como um osso duro de roer: em casa, esta época, apenas uma derrota sofrida. Motivados pela perda de pontos do líder, o Benfica entrava focado nos 3 pontos, apenas isso. Nuns belos primeiros 10 minutos, desperdiçou ocasiões flagrantes (a de Jonas, ao poste, é a maior de todas). Mas, naqueles momentos cruéis que o futebol tão bem sabe dar, Leo Bonatini aproveita um cruzamento da direita para, sozinho, antecipar-se e encostar. O 10º golo na Liga para um brasileiro entregue às feras, lá na frente. Daquí para a frente, a surpresa, estupefacção e revolta. Arrendou-se meio campo encarnado e o restante, respeitante ao Estoril, passou a ser o terreno de jogo. O Estoril desceu linhas, abdicou de jogar e procurou as transições ofensivas pelo supersónico Gerso. Quase tudo acabava em pontapé para a frente. Jonas ainda cabeceou perto, o perigo rondou a baliza de Kieszek mas nunca foi sufoco. Rui Vitória pedia mais e o intervalo veio na altura certa para fazer as correcções necessárias.

Na segunda parte, mais do mesmo. Benfica a procurar a todo o custo o golo e os canarinhos a agarrarem-se a um osso que estava na sua posse mas para o qual não tinham dentes (o cansaço do jogo de meio da semana era evidente). Mitroglou, acabado de entrar, num lance feliz e de tabelas, roda e faz golo à ponta de lança. 52 minutos e o empate, aquele que o Benfica tanto merecia e que o Estoril tão pouco justificou. Embalado pela crença na vitória, os encarnados partiram para cima, com maior ânimo e fôlego. Aos 68 minutos golo de Pizzi, aproveitando uma abertura de Jonas. Remate cruzado do português que bate um surpreendido Kieszek. O Estoril estava obrigado a subir as linhas que tanto recuou e a discutir um jogo que não sabia jogar. Até ao fim, mais Benfica, mais oportunidades (uma delas num lance inacreditável e caricato, em que a bola parece ter ultrapassado a linha de golo), bem como um domínio e controlo de jogo totalmente pacífico e vermelho. Mesmo perto do fim, na sequência de um canto, Julio César intervém e lá acaba por sujar os calções. 

Vitória de quem quer ganhar jogos, somar 3 pontos e jogar futebol. Vitória de quem defende a competição e persegue o título. Uma bela resposta encarnada e uma reviravolta carregada de querer e ambição. O Estoril foi tão feliz que não soube aproveitar a sorte que dispôs. Entregou-se cedo, num jogo que encarou como não sendo dele. Os canarinhos têm qualidade para serem mais do que isto.

O campeonato está quentinho, quentinho!


Tiago Carvalho

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