Hoje contamos a história de um menino de outros tempos, ainda que do nosso futebol.
Em Roma, sê romano. O ditado é claro e há quem o siga à letra.
Francesco, um menino pequeno e talentoso, com um talento tão grande quanto o tamanho da bola que pontapeava com os seus pequenos pés, começou a dar nas vistas na sua cidade natal, Roma. Vivia de sonhos e de uma grande paixão: o clube da sua terra e da sua família. O seu primeiro amor. E como o primeiro amor nunca se esquece, o garoto Francesco alimentava um desejo: amar e ser amado.
Como há vidas que mais parecem sonhos, a Roma veio e Francesco escolheu-a sem hesitar. Daí para a frente o futebol conheceu o seu maior romance.
Francesco Totti formou-se, subiu à equipa principal, jogou com os ídolos e conquistou o seu espaço no árduo meio futebolístico italiano.
Inteligente, técnico, ágil e atlético - um italiano puro - colocava classe no mais curto dos passes e tornava-se ídolo no mais simples dos golos. Chegou a figura, capitão e lenda. O clube deu-lhe tudo o que queria: amor; e Totti deu tudo o que podia.
Totti jogou o velho e saudoso calcio, assistiu à sua ruína e foi um dos rostos da sua credibilização.
Este fim de semana, em Turim, marcou o golo 250 na Serie A TIM. Naquela que deve ser a sua última temporada como profissional, alcançou a incrível marca de 23 temporadas consecutivas a marcar, em Itália, pela Roma. O seu clube, o seu amor, a sua paixão. Toda a sua vida.
E o dinheiro?
Há quem apenas queira ser feliz, não rico. Totti foi dos maiores exemplos que o futebol já teve nesse aspecto. Dinheiro nunca lhe faltou, não fosse ele um dos maiores de sempre, mas o craque italiano soube pôr o coração à frente dos milhões. Foi por isso que rejeitou o Real Madrid C.F. e não se deixou seduzir pelo A.C. Milan. Há quem não se venda, há quem não se compre. Porque um amor assim não tem preço.
E os títulos?
Totti tinha um sonho desde tenra idade. Trabalhou, lutou e conquistou-o. Melhor do que tudo isso, viveu-o. Tão intensamente que fez desse sonho a sua vida. Para ele, a fidelidade faz parte do futebol e os valores do Homem.
Totti tanto era o homem do golo como o da assistência. Tanto fazia o lançamento lateral como marcava o penalti. O que interessava era a equipa, o clube. O seu altruísmo. A sua Roma. Em primeiro lugar a Roma, sempre.
Francesco faz hoje 40 anos e já não é aquele menino com um sonho por concretizar. Falamos de alguém realizado, como poucos. O exemplo de Homem que todos nos queremos tornar.
Hoje, tantos anos e histórias depois, ainda é amor quando beija o símbolo.
Totti e a Roma são o Romeu e Julieta do nosso futebol. Felizes para sempre, até que a morte os separe.
"A Roma é tudo para mim, tudo o que uma pessoa pode desejar: paixão, amor, alegria. A equipa que sempre apoiei e sempre vou apoiar"
Francesco Totti.
A Itália tem ícones, lendas e nomes históricos, mas Roma tem o Imperador!
Tiago.
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