Mundial Sub20
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Portugal
Portugal vs Irão - Mundial Sub20 - Esperança e tecnologia num mar deserto
18:53:00A selecção não esteve bem nos três jogos, apesar de mudanças de jogo para jogo. Peixe tarda a conseguir passar para a equipa a tranquilidade suficiente para que o seu valor venha ao de cima. Portugal continua em prova e alimenta a esperança de chegar ao tri - um facto irrefutável e agradável. Contudo, o que pode ser dito é que Portugal tinha a melhor escola do grupo da 1ª fase mas não tinha estudantes para a exigência de tão grande faculdade - esperemos que nos façam morder a língua. Para já faz recordar Canadá 2007, onde apenas Rui Patrício e Coentrão (Antunes e Bruno Gama numa segunda linha) vingaram para uma carreira ao mais alto nível.
Portugal entrou e mostrou para o que vinha, uma grande solicitação de Diogo Gonçalves e não menor falhanço de José Gomes, que no cara a cara com o guarda-redes do Irão não conseguiu marcar golo!
Se o primeiro minuto fazia pensar numa entrada forte de Portugal, os pesarosos momentos que se seguiram mostraram que a ideia estava errada. Três minutos de pesadelo, onde o Irão aproveita má leitura de Ferro e cria uma oportunidade de ouro para marcar. Valeu Diogo Costa que defendeu para canto quando o golo era iminente. Mas no canto - quando Portugal ainda resfriava do calafrio - o Irão já marcava! Esquecido em plena grande área, Reza Shekari cabeceou para o desprotegido 1º poste.
Depois dos esticões iniciais, o jogo acalmou e Portugal tentou ter posse em meio campo adversário. Pedro Delgado começou a aparecer nos primeiros momentos, sem medo de assumir a bola, naqueles que foram os seus primeiros minutos na competição. Mas nem ele nem Diogo Gonçalves são suficientes quando a mecânica da equipa não funciona. Apesar de ter bola, Portugal voltava a ser um deserto de ideias e de construção ofensiva. Defensivamente comportava-se como uma equipa de liceu: o homem mais perto da bola ia forte na pressão mas sem o adequado acompanhamento da restante equipa. Foi nesta ansiedade permanente, de correr contra o tempo, que a 1ª parte chegou ao intervalo, não sem antes expor ao embaraço a incapacidade ofensiva nacional.
E assim se passou ao recurso: rematar de tudo o que era lado, desde que fosse a 30m da baliza. Quando o maior perigo da equipa são os remates de Diogo Gonçalves que batem em pernas iranianas e vão para canto, algo não pode estar bem! No banco, Peixe percebia e não escondia a desilusão.
Verdade seja dita, o Irão nunca foi melhor que nós. Cingiu-se a fazer o que tinha e sabe fazer. Poucos argumentos, poucas armas, parcas iniciativas. Recuava as linhas defensivas em demasia e deixava as escassas peças adiantadas completamente entregues ao abandono. Pressionavam a primeira zona de construção portuguesa sem sentido. Até ao desgaste. Lá atrás, bem fechados e com preocupações defensivas, procuravam um erro para espetar a estaca e matar o jogo.
Portugal tentava, envolvia-se no último terço de campo mas a ausência de criatividade era gritante. Invariavelmente acabava por ser Dalot, nas suas incursões ofensivas, a salvação. Emilio Peixe sabia que o tudo ou nada era jogado ali e arriscou: tirou um homem da defesa e meteu outra do meio campo. Na sequência de um canto, o guarda redes iraniano aborda mal o lance, a bola sobrou para Diogo Gonçalves e o garoto não se fez rogado. Belo golo e a esperança regressava. Portugal estava empolgado, confiante e por cima do jogo. Estava mandão. E o Irão cada vez mais entregue...
Todavia o jogo esmoreceu. Voltámos a apostar nos remates de todo o lado: Diogo Gonçalves e principalmente Xadas assumiam essa preferência. Voltámos a ficar mornos, meio adormecidos e menos lúcidos. Tínhamos bola mas não éramos consequentes. Pelo meio, o estádio gelou, o coração dos portugueses parou e qualquer sonho morreu. O árbitro assinala grande penalidade num lance à queima dentro da área lusa. Na repetição provou-se o contrário e graças ao video-árbitro a história não seguiu um rumo diferente da verdade. Se dúvidas houvessem, foram dissipadas: afinal também há (alguma) justiça no futebol!
Houve ainda tempo para Zé Gomes falhar novo golo cantado, após cruzamento fantástico de Dalot, e sair logo a seguir. Entrou Xande Silva para o seu lugar. E foi dos pés deste que fomos felizes, fruto da infelicidade alheia - jogada individual na linha de fundo, cruzamento e desvio do defesa para a própria baliza. 2-1 para Portugal e a qualificação, a manter-se assim, era nossa.
De seguida sofremos a bom sofrer, porque não fomos inteligentes para segurar o jogo e porque, verdade seja dita, nestas idades é normal faltar arcaboiço. Trememos, trememos muito, que nem varas verdes. Mas não vergámos e pudemos festejar no fim.
No cômputo geral, ficou a vitória e a passagem do grupo. Foi sofrida e pouco convincente, mas já lá vai. Agora que venha a Coreia e que consigamos ir vencendo. De preferência com mais qualidade e melhor futebol.
Como faz mal ao coração esta obsessão pela calculadora!
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