El Pibe: Hoje o jogo acabou

O escritor espanhol Francisco de Quevedo escreveu, em tempos, que "feliz serás e sábio terás sido se a morte, quando vier, não te puder...

O escritor espanhol Francisco de Quevedo escreveu, em tempos, que "feliz serás e sábio terás sido se a morte, quando vier, não te puder tirar senão a vida". Uma frase cheia de sentido para o astro argentino. A Dieguito a morte levou-lhe apenas a vida. A tudo o resto foi incapaz de chegar. A mim, discípulo da sua religião, a sua morte levou-me a bola. O El Pibe partiu e fica a sensação de que o jogo acabou. 


Diego Armando Maradona terá de ser lembrado como aquele que simboliza o futebol. O talento, a irreverência, a magia, a diferença, a adversidade, a rebeldia e a genialidade. Com ele a rua tornou-se o campo dos sonhos e o bairro o maior estádio do futebol mundial.

Hoje, todos nos curvamos diante de ti, El Pibe. Os que perderam, os que ficaram para trás, os que almejaram alcançar-te e todos aqueles que, ainda vencendo, não conseguiram ser como tu. E todos se curvam por gratidão e respeito. 

Tu, que foste bandeira, símbolo, camisola, pé, golo e hino de uma nação. Que foste a mão de um deus cego e a crença de todos os que acreditavam que o futebol era património de todos nós. Tu, o número 10, o poster no quarto, o nome na camisola, a finta da rua. O rebelde, sem regras e sem amarras. Tu, provavelmente o melhor de sempre, o ídolo maior. Quem só precisou de meia dúzia de anos para ser indelével e inigualável.

Hoje, este mundo deprimido parou para chorar. Ficou mais pobre. O dono da bola morreu e o jogo terminou. Aqui, na amargura da tua partida, recordo as palavras do Francisco de Quevedo: a morte não pode tirar-te senão a vida. Acredito que apenas isso se foi. Tudo o resto - o mundo e o futebol, - é teu.

Tiago Carvalho




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