Leonardo Jardim e o projecto do Monaco: O pedreiro, engenheiro e arquitecto do futuro

Leonardo Jardim mudara-se para o novo rico Mónaco com o intuito de abraçar um projecto ambicioso e milionário. O novo dono do clube, um mag...

Leonardo Jardim mudara-se para o novo rico Mónaco com o intuito de abraçar um projecto ambicioso e milionário. O novo dono do clube, um magnata russo, tinha apostado em jogadores de provas dadas, comoFalcao, Berbatov, James RodriguezJoão Moutinho, Toulalan e Ricardo Carvalho, entre outros. Isto seria o começo de uma nova e grandiosa era, diziam. Todavia, quando Leonardo Jardim chega, as grandes figuras partem. James transfere-se para o Real Madrid C.F., Falcao para oManchester United e para os seus lugares nada mais nada menos do que jovens. O objectivo era fazer um equilíbrio financeiro que permitisse estabilizar as contas do clube. Um ano de desinvestimento, portanto. Um verdadeiro contra-senso e um duro golpe nas aspirações do seu treinador.
Sem estrelas e com um orçamento longe do pretendido, Jardim teria de ser pragmático a atacar o mercado. Contratar pouco e barato, mas bem. A liga francesa tem um futebol trabalhado, exigente tacticamente, com equipas bem organizadas, ainda que limitadas. À semelhança do campeonato português, diga-se. Mas LJ é um treinador ambicioso e audaz, capaz de enfrentar o maior dos desafios com a serenidade de quem nada teme. Wallace, Fabinho, Bernardo Silva e Elderson começam a surgir como apostas. A proximidade de Jorge Mendes ao clube dava-lhe a possibilidade de garantir jogadores com qualidade mas ainda por potenciar. De repente, depois da experiência em Alvalade, LJ deparava-se a dar minutos e regularidade a jovens promissores, movidos a ambição. O início de época foi terrível, mas a serenidade e a crença no seu trabalho deram frutos. No final da época, aquele Monaco low-cost debatia-se com os grandes franceses e tinha alcançado os quartos de final da UEFA Champions League, num regresso à elite há muito ambicionado.
O "melhor pedreiro português em França", como se apelidou, após ter sido preterido dos finalistas a vencedor de melhor treinador do ano da Ligue 1, (onde nenhum estrangeiro constou) viu o seu contrato renovado e melhorado, como reconhecimento interno do seu trabalho.
Para esta época, com a saída de Berbatov e as vendas de Kondogbia e Ferreira Carrasco, dois talentos potencializados por LJ, Ivan Cavaleiro, Helder Costa, El Shaarawy, Adama Traore (a estrela do mundial sub 20) e o argentino Carrillo, apresentam-se como os novos reforços do jovem plantel. Jardim já disse acreditar no regresso aos títulos, mesmo com esta política. E os adeptos acreditam, afinal, Leonardo Jardim faz das tripas coração e, surpreendentemente, foi capaz de rentabilizar um projecto imposto.
Hoje, já ninguém duvida da qualidade de jogadores como Fabinho, Kurzawa, Bernardo Silva ou Martial. Já ninguém duvida do viveiro de talentos em que este Monaco se tornou. 
O futuro do clube será risonho e Jardim é o pedreiro, engenheiro e arquitecto deste retorno monegasco repleto de acne.

já há quem lhe chame o Wenger português...

Tiago Carvalho
Foto: 
Lionel Cironneau/AP

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