O argentino é um ponta de lança aparentemente meio pesado, às vezes meio adormecido e outras vezes meio esquecido. Mas, na hora do golo, é pontual. Está sempre lá quando a bola chega e nem importa como.

Ontem, frente a um adversário que se revelava um osso bem duro de roer - pela qualidade de jogo que apresenta e pela qualidade individual que também tem - Higuain meteu instinto e qualidade nas poucas oportunidades que a equipa teve.

No primeiro soube, naquela fracção de segundos, que a bola ia cair ali, na cara do golo, na sua área. Um lance que se tornou simples por estar sozinho, mas revelou-se simples porque apenas um leu a jogada. Trata-se de instinto, aquela coisa que os verdadeiros pontas têm.

Ora (re)vejam: http://bit.ly/2HiM9ip

Depois, o momento da noite. Até foi Dybala a facturar, numa desmarcação em velocidade, vindo de trás. Mas o autor da obra nasceu de um outro argentino: Higuain, claro. O desenhador, o Criador, O Obreiro.

Pipita veio receber um passe do central Chiellini, de costas para a baliza, muito longe da área, rodou sobre o seu marcador com uma simples - mas eficaz - finta de corpo e a partir dali tem a defesa do Tottenham completamente fora de posição. Perante o corredor aberto, serviu na perfeição e no tempo exacto o seu compatriota.

Que delícia: http://bit.ly/2p0M8rN

Tudo isto ao seu estilo, meio pesado, meio lento, meio cabeça no chão e desarticulado. Engano nosso. De uma qualidade impressionante, de uma utilidade imensa, de preponderância total.

Num jogo em que a velha senhora teve o mérito de, à boa maneira italiana, não perder a postura, Gonzalo foi o prato que desequilibrou a balança.

Foi por isto que perderam a cabeça por ele. É por isto que este argentino está como peixe na água no seu futebol, o italiano.

É que o futebol não é (só) correria. É qualidade técnica e táctica. É xadrez com bola. É inteligência.

E aquilo, ontem, foi de Champions!