Olhando o clássico

Uma das coisas que mais aprecio no futebol é aquele sentimento histórico e intangível de superioridade que uma equipa tem sobre a outra. É u...

Uma das coisas que mais aprecio no futebol é aquele sentimento histórico e intangível de superioridade que uma equipa tem sobre a outra. É uma sensação muito própria, difícil de definir, que implica ser um verdadeiro fã do jogo para conseguir captar.

Um dos meus exemplos preferidos é a dinâmica de equilíbrio nas batalhas entre os três grandes nas últimas décadas. Vejam se concordam.
O Benfica acha-se naturalmente confortável em jogar com o Sporting quando este precisa de pontos, porque é garantia que a coisa vai correr bem, seja na Luz ou Alvalade. E nestes casos, o Sporting presente isso, e quando entra, já vai a perder meio a zero.
O mesmo é verdade para o Benfica quando precisa de jogar a sério com o Porto. Seja lá onde for, mas sem dúvida mais no Dragão, o Benfica sabe que aquilo vai correr mal e o Porto já entra com a corda toda, a festa montada, e lá saca o jogo da época.
E depois, há o terceiro caso, que é o que mais estranheza me suscita, mas que ao mesmo tempo encerra a beleza e pureza do futebol: o Sporting acha sempre que vai limpar o Porto. Então se for em Alvalade, há dias em que os Portistas nem querem ver o jogo...
E com isto chegamos ao clássico de Domingo.
De um lado, o leão renovado e montado por Jesus à sua imagem, sedento de títulos. Do outro, o dragão adormecido, acossado e espicaçado por 3 épocas sem levantar uma taça. Se por um lado o Sporting acredita que pode levar o Porto de vencida, a verdade é que há muitas condicionantes a jogar a favor dos portistas nesta 3ª jornada do campeonato.
O Porto vem de uma eliminatória super-moralizadora na Champions, com um ritmo de jogo alto, boas exibições individuais e uma união com os adeptos que se tinha vindo a perder desde os dias de Paulo Fonseca. Acresce que já tem central patrão e tem um goleador lá na frente, enquanto no meio o recém-chegado Oliver poderá vir a dar uma perninha, juntamente com Otávio, aumentando exponencialmente o potencial criativo face ao ano passado. Além disso, o jogo não é decisivo, o campeonato ainda agora começou, e a pressão é por isso muito menor.
Já o Sporting está numa fase da temporada em que ainda não tem nada para celebrar e ainda não se encontrou. Jesus continua a centrar as atenções nas conferências de imprensa, mas a verdade é que o problema não é ele. É, isso sim, a lista de jogadores que jogam e fazem jogar e que estão na na calha para sair... Slimani e Adrien não têm ainda o seu futuro definido e isso cria uma desestabilização natural. Contudo, a equipa sabe o que o treinador quer, os processos ofensivos e defensivos são sólidos, e isso quer dizer que se o Sporting conseguir manter o jogo fechado e controlado, será o Porto quem tem maior probabilidade de ceder.
Fala-se em empate, um natural 0-0 ou 1-1, e espera-se esse jogo fechadinho. Mas honestamente, parece-me que vai haver caos. E caos significa golos. Será que Slimani quer aproveitar para brilhar enquanto a Premier League o espreita? Ou será que André Silva vai continuar a sua escalada até ao topo? Só tenho uma certeza, há clássico e vai ser do bom.



 Manuel Barbosa

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