Uma nova visão para uma nova Liga?

Ainda não é oficial mas onde há fumo, há fogo. A comunicação social portuguesa avança que para a próxima temporada TODOS os jogos serão tran...

Ainda não é oficial mas onde há fumo, há fogo. A comunicação social portuguesa avança que para a próxima temporada TODOS os jogos serão transmitidos em directo. Todos! Para os amantes de futebol é uma boa notícia, para os adeptos dos clubes de menor expressão, a alegria é a dobrar. E a solução encontrada passará por estabelecer horários concretos: jogos às 11.30 da manhã, às 16 horas, 18 horas e 20 horas. Uma calendarização pensada e interessante, que em conjunto com outras pequenas medidas podem levar a uma grande divulgação da nossa liga (à semelhança das outras).



AQUI fomos bastante críticos quanto à inércia da Liga e a falta de modernização da mesma. Somos acomodados o bastante para não querermos crescer tanto quanto o potencial que temos. Depois assistimos de cadeirão à reinvenção dos restantes: a Liga Francesa, muito similar à nossa, lá se modernizou e despertou olhares alheios, a própria Liga Espanhola readaptou-se, a Italiana lutou pela manutenção do estatuto, mesmo em tempos difíceis, e a Bundesliga desenvolveu um trabalho notável para chegar a um patamar de excelência. Depois há a Premier League, o topo dos topos. E nós? NADA, BOLA!

Portugal é um país pequeno mas de grande tradição futebolística. A paixão dos seus adeptos é indelével e admirada lá fora. Ainda que nos achemos pequenos, há algo que é certo e sabido: por aqui passam alguns dos maiores talentos do futebol europeu. Somos uma porta de entrada da Europa, com grande talento sul americano e algumas das maiores promessas europeias. Somos o país onde joga Casillas, uma referência mundial, por exemplo. O que ganhámos com isso? Algum interesse um pouco por todo o mundo. Mas o que acontece a esse interesse? Se não for devidamente divulgado e estimulado, esmorece. Porque ter interesse por algo inacessível não nos leva muito longe...

É preciso divulgar o nosso produto, criar programas de pré e pós jornada, de lançamento das jornadas semanais, trazer à memória estrelas, lendas e momentos, dar a conhecer a história que nos fez e tornar essa programação acessível para todos, em vários cantos do mundo. É preciso saber vender para ter alguém que compre. Precisamos que a Liga ajude na divulgação dos melhores golos, das melhores defesas e das melhores jogadas. Precisamos de resumos e debates, de interacção com os consumidores do futebol. Alguém que acompanhe as nossas jovens promessas ainda antes de saírem para conquistar o mundo. Divulguem os clubes e as suas histórias. Levem-nos longe.

Quanto à nova medida, se vejo o Porto, o Benfica ou o Sporting a jogarem às 11.30? Duvido. Em Espanha já o fazem, mas aqui duvido. Somos os típicos conservadores, alérgicos a grandes mudanças. Mas era importante que assim o fosse, pelo menos de quando em vez. Era importante para levar o melhor do nosso futebol, em directo, a outros lugares e culturas, onde há sempre um português e um amante do que é nosso. Espanha foi um caso recente de readaptação, piscando o olho a mercados asiáticos.

Era importante crescer e saber crescer. A Liga parece começar a perceber essa premência. Definir a calendarização com devida antecedência, chamar as pessoas ao futebol, divulgá-lo, saber valorizar o que é nosso e despertar a paixão nos outros. Tudo o que precisamos. Se o trabalho for consistente e a oferta agradável, seremos mais, Não podemos deixar essa função apenas para a comunicação social e, simultaneamente, acusá-la de parcialidade. Não podemos esperar que sejam páginas e blogues praticamente amadores a assumirem essa tarefa, apenas por amor à causa e perante inúmeras objecções. Mais do que uma necessidade, é um dever da Liga e dos seus órgãos comunicacionais.

Finalizando, o primeiro passo está prestes a ser dado, agora basta dar sequência ao novo ímpeto, sob pena de voltarmos ao modo Salazarista: um desinteresse pelo mundo para que o mundo não repare em nós.

Tiago Carvalho.

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