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Benfica de Rui Vitória, uma realidade paralela
20:35:00
A Gola do Avesso é um espaço onde expomos o nosso ponto de vista, normalmente
controverso.
Seria
fácil criticar o Benfica de Rui Vitória (RV) à luz de um 2º lugar com 4 pontos
para o líder e uma eliminação na prova mais importante da Europa. Se fosse
fácil não seria para mim, e aproveitando que se vive um período de ouro e
rejubilo pelas diversas conquistas, há várias “realidades paralelas” que têm
de ser escrutinadas antes de nos empoleirarmos em resultados.
Eu
gostaria de perguntar se não são notórias as falhas sistemáticas no modelo de
jogo de RV?
- Só eu é que vi que o portador da bola muitas vezes sem ser pressionado e os jogadores do meio campo estáticos à espera que tranquilamente se construíssem jogadas de perigo?
- A defesa em linha com 6 elementos, com os médios esquerdo e direito a fazerem de laterais, controlando mal e deficientemente a profundidade, dando espaço para se construir nos 3 corredores?
- Na transição defesa/ataque não é notório que os jogadores do Benfica não têm soluções de passe e que por vezes são obrigados a enfrentar 2/3 adversários?
- Não é notório o espaço intrassectorial entre Samaris e Renato, por vezes demasiado longe, criando espaço para construção no corredor central?
- Não se nota que na construção de jogo, organização ofensiva, há demasiados jogadores atrás da linha de bola, e que a qualidade individual dos jogadores tem decidido os jogos em momentos chave?
A
verdade é que no futebol os resultados toldam-nos a visão e o que parece ser
perfeito está longe de o ser. Há muito trabalho a ser feito nesta equipa e a
humildade será sempre um “plus” de uma equipa e de um treinador. Também não é
menos verdade que no plano humano estes jogadores controlaram bem os níveis de
ansiedade, estando prontos para dar tudo pelo seu clube e treinador, e isso
será meio caminho para se superarem.
Nada
do que disse serve para tirar o mérito a várias conquistas dos encarnados, mas
sim falar do jogo pelo jogo e de uma realidade esquecida pelos resultados
positivos e, portanto, uma realidade paralela não tão distante do paraíso da
luz.
RC
1 comentários
Estou de acordo com vários pontos. Já falei da diferença entre o estilo de Jesus e o de Rui Vitoria num articulo da minha fanpage Benfiquista.
ResponderEliminarMas gostava de apontar um elemento que, na minha opinião, tem dado razão ao Rui Vitoria na confrontação directa com Jorge Jesus : o Benfica tem ganho às equipas pequenas.
Mesmo se o Benfica de Jesus tinha melhor organização, falhava menos passes e controlava melhor a bola, o Benfica de Jesus era previsível. Jesus podia adaptar jogadores a posições que não eram deles inicialmente (Enzo e Pizzi) porque ele lhes dizia como jogar e eles respeitavam, mas perdiam a maluquice que só vem com anos de experiência no mesmo posto (ou com o talento puro).
Vitoria depende muito mais dos instintos dos jogadores. Por isso, Pizzi não consegue ser 8 com ele, por isso teve de apostar no Renato, por isso não se sabe bem que é titular entre Fejsa e Samaris, por isso Mitroglou teve de se adaptar antes de poder ser eficaz, por isso a fúria de Nelson Semedo não tem lugar garantido contra a fiabilidade de André Almeida, por isso Lindelof é autorizado a correr trinta metros com a bola para criar desequilíbrios.
O Benfica adapte-se muito mais aos adversários nesta época do que nas anteriores, porque os jogadores dentro do campo foram escolhidos e posicionados de forma a canalizar os instintos naturais deles face às situações que eles vão encontrar.
E é uma construção táctica que tem dado grandes resultados com os jogadores em confiança, desde que o Benfica tem um mestre de orquestra (Renato). Apenas contra o Atlético de MAdrid e em Alvalade a equipa não foi superior, e contra o Atlético foi capaz de dar alguns murros a um grande Atlético e contra o Sporting foi a defesa, ponto fraco da equipa, que mostrou serviços (assim como os trocos que devem ter sido dados a Bryan Ruiz).
Este Benfica à imprevisível. Os defeitos são evidentes, as falhas estão escancaradas, mas os jogadores são capazes de as tapar quando se tornam perigosas ou reagem marcando mais golos. Mesmo não havendo grande organização ofensiva, os cinco solistas (Mitroglou, Jonas, Pizzi, Renato e Gaitan) encontram-se sempre que é preciso resolver.
Eu queria responder ponto a ponto aos defeitos que mostra, mas perdi-me aqui no meio e o comentário já é comprido que chegue. Se quiser, ou se valer a pena ter uma conversa mais completa e séria sobre as tendências tácticas de Rui Vitoria, será feito ulteriormente.