Champions, prova de ricos para ricos!

A champions é a todos os níveis a melhor prova de futebol do mundo, os melhores jogadores, os melhores treinadores, os duelos que todos quer...

A champions é a todos os níveis a melhor prova de futebol do mundo, os melhores jogadores, os melhores treinadores, os duelos que todos querem ver e lembrar, ainda assim há sempre espaço à crítica, e nesta semana tive oportunidade de criticar o modelo da prova que deixa equipas históricas por essa Europa fora quase sem hipóteses de competir pelo título.         

A envolvência de 3/4 equipas por país faz com que equipas que outrora brilhavam na prova, como Ajax, Benfica, Porto ou Dínamo de Kiev (por exemplo), não consigam aspirar a mais que chegar aos quartos de final. Será justo que equipas campeãs com pergaminhos europeus estejam destinadas a ser eliminadas?                                                                                                                  

Os prémios financeiros da prova milionária são um verdadeiro tesouro para estes clubes, as grandes receitas que podem obter vêm ou de vendas ou das performances europeias. Não conseguem segurar os seus craques perante o poder económico dos clubes das grandes ligas. Clubes esses que conseguem superar más performances desportivas mais facilmente, devido a receitas de tv e merchandising que conseguem obter devido às suas ligas e à grande população que abrangem, não sendo os prémios da champions tão fundamentais para a sua estabilidade.   

Ao contrário de antigamente, onde somente as equipas campeãs nacionais disputavam a prova, agora levamos com as três, quatro melhores equipas de Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha. Desde que em 1997/98 se alargou a prova a não campeões, o paradigma dos vencedores mudou, em 18 edições até agora disputadas, 10 delas foram ganhas por não campeões nacionais. Ou seja, houve 10 campeões europeus que nunca o seriam caso não tivessem sido alargadas as vagas. As dicotomias que vemos no novo século de Real Madrid e Barcelona, com alguma luta germânica pelo Bayern Munique, talvez não fossem assim. Relembremos que nestas 18 edições, 8 delas foram ganhas pelos gigantes espanhóis! Sendo que o Real não vencia a prova desde os anos 60 e o Barça só havia conquistado a taça uma vez, em 1992 (agora tem 5)! Questiono: até que ponto é justo o 4ºclassificado de Inglaterra ou de Itália se sagrar campeão europeu como já aconteceu? É certo que nem sempre Real, Barcelona e Bayern fizeram a história da Champions na década passada, mas a verdade é que tem sempre havido domínio dos grandes dos países mais ricos. A decalage financeira é cada vez maior entre esses países e o futebol português, holandês, belga… E a UEFA não parece importar-se com isso, nem a UEFA nem estes países teoricamente mais prejudicados, pois a champions e o seu formato é um não assunto! Enquanto os grandes dos países ricos podem ter épocas desastrosas, que de um momento para o outro podem discutir a champions, os nossos clubes, mesmo vivendo na senda de títulos, têm de ano após ano reconstruir planteis, vender o seu ouro e tentar achar mais alguma riqueza em mercados menos competitivos, apurar o talento e fornecer os grandes clubes num ciclo vicioso. Nestes 18 anos só por uma vez a final viu equipas de outros países que não Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra, e curiosamente logo as duas equipas finalistas. Foi em 2004, na final de boa memória para Portugal, entre o Porto e o Mónaco. A cada ano que passa, a proeza de Mourinho aumenta de tamanho, ainda assim todos reconhecemos que foi um ano atípico na prova, com eliminações surpreendentes a espantarem a Europa. Quantos anos mais teremos de esperar por uma proeza assim? Parece uma utopia.  

É difícil acreditar num regresso ao passado, com a prova apenas para campeões, mas ainda assim algumas regras poderiam fazer sentido para dar um pouco mais de justiça a todas as equipas, como por exemplo o sorteio puro na fase de grupos, acabar com as regras de impossibilidade de equipas do mesmo pais se cruzarem, por exemplo, ou com as regras dos coeficientes ou até mesmo obrigar as equipas a ter nos 11 titulares um número fixo de jogadores nacionais. Esta questão não iria afectar o poderio dos colossos europeus, se calhar a maioria conseguia suprir e bem essa regra, mas provavelmente a percentagem de compra de jogadores não iria ser tão grande, e as equipas nacionais conseguiriam manter mais tempo alguns dos seus melhores talentos, e equilibrar assim as forças.  Concluindo reforço a ideia pessoal de a Champions ser a melhor prova de clubes do mundo, ainda assim não posso deixar passar a ideia que é uma prova cada vez mais selectiva e cada vez menos justa para se disputar. Alimentam-se os pobres com migalhas, enquanto os ricos gozam do banquete.




BrunoAFNunes

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