Champions: Depois de Lisboa, Madrid sonha com Berlim

Madrid volta a parar para ver mais um dérbi. E um dérbi madrileno é muito mais do que uma cidade e um país. Trata-se, nem mais nem menos, d...

Madrid volta a parar para ver mais um dérbi. E um dérbi madrileno é muito mais do que uma cidade e um país. Trata-se, nem mais nem menos, do que a reedição da final do ano passado da Liga dos Campeões. Frente a frente, o campeão europeu contra o campeão espanhol. De um lado, Ancelotti, do outro, Simeone. De um lado, Cristiano Ronaldo, do outro, onze jogadores focados em dar tudo o que têm. Apesar de jogarem de igual para igual em todas as frentes, as equipas apresentam filosofias antagónicas. De um lado, a mobilidade e o talento individual. Do outro, o rigor táctico e uma alma gigante.



E depois de Lisboa, Madrid volta a dividir-se na busca pelo mesmo sonho: Berlim


Depois de conquistar a "La Décima" em solo português, o Real procura centrar-se na obtenção da histórica décima primeira e cimentar um estatuto de rei europeu que perdeu, em tempos, para o super Barça. Todos sabemos a competitividade de Cristiano Ronaldo e o melhor jogador do mundo não vai de certeza deixar passar esta oportunidade de fazer mais uma página de história.

Contudo, o Real vai ter de ultrapassar os fantasmas recentes. Depois de uma fase de grupos minimamente tranquila e de uma primeira mão, na Alemanha, de competência, realizou um paupérrimo jogo no Barnabéu, frente ao Schalke. E a eliminação quase ultrapassou a vergonha da derrota. Valeu Cristiano Ronaldo, ao marcar dois golos e garantir que o descalabro não custasse a eliminação precoce. Hoje, frente ao velho rival, o Real quer ser competente, eficaz, dominador e sereno. Sereno o quanto baste, não apático. E sabe que do outro lado tem uma equipa que, uma vez confortável em campo, tem o dom de anestesiar adversários mais fortes.

Do outro lado, o Atlético, recheado de jogadores de qualidade mas sem grandes estrelas. O colectivo absorve todo o talento de cada jogador e consegue aproveitar como ninguém a solidariedade existente. O Atlético personifica Diego Simeone, para mim a maior estrela desta equipa. Simeone é a alma colchonera, realizador de verdadeiros milagres (foi campeão pelo clube em 96 e, 18 anos depois, foi campeão pelo clube enquanto treinador e finalista vencido da Champions). A sua alma enorme está espelhada em campo, a cada lance, com a mesma garra que tinha enquanto jogador. Este Atlético sente-se cada vez mais confortável nos grandes jogos e não treme, não vacila, não se assusta. O rigor táctico protege-os de eventuais debilidades e o posicionamento quase perfeito leva os adversários a passar dificuldades.

Ora vejamos:

O ano passado, na La Liga, uma equipa de qualidade mas sem as estrelas dos rivais, como Messi e Ronaldo, acabaria por ser campeã. O Atlético, para além do troféu espanhol, acabaria por discutir a final da Liga milionária com o rival da mesma cidade, o Real Madrid. E só um golpe de teatro, da autoria de Sérgio Ramos, praticamente em cima do término do jogo (93´), levou o já entregue Real a acreditar que a la décima podia ser a de Lisboa. No prolongamento, as pernas falharam e o Atlético não resistiu ao esforço físico e ao desgaste mental. Aquele golo de Ramos foi um soco no estômago que levou os colchoneros ao tapete. No fim, uma enganadora goleada. Ainda assim, a Europa rendeu-se aos guerreiros de Simeone. 

Este ano, o Real Madrid começou a La Liga a todo o gás, tendo passado dificuldades nos primeiros meses do ano de 2015, com uma queda de rendimento assustadora. Mas há algo que se tem de salientar: as equipas em questão já se defrontaram 6 vezes (entre campeonato, supertaça e taça do rei) e o Real nunca ganhou! Aliás, desde a final de há 11 meses, o Atlético nunca mais perdeu com o Real. Nos últimos 6 encontros, 4 vitórias colchoneras e 2 empates.

E, sem querer assustar este Real, mas apresentando somente os dados estatísticos, em 3 visitas ao Vicente Calderón (e 3 derrotas), os blancos não marcaram qualquer tento e sofreram nem mais nem menos do que 7 golos!

Mas Ronaldo vai a jogo e nos últimos 4 jogos pelo Real marcou qualquer coisa como 8 golos! 

Um dérbi, um clássico do futebol mundial, a reedição da última final. Um jogo de Champions. Um grande jogo de futebol, a não perder.


Destaques:

O inevitável Cristiano Ronaldo, com 49 golos em todas as competições nesta época. Já marcou 8 golos na presente edição da Champions e está a 1 golo do melhor marcador da prova, Luiz Adriano.

Griezman, o pequeno e talentoso avançado colchonero. Quando a velocidade e a capacidade técnica se aliam, o resultado é este. O melhor marcador da equipa, com 21 golos em todas as provas, um a mais que Mandzukic. 


Tiago Carvalho



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