Vitória vs Porto: A bola escapou e a vitória fugiu

O Porto deslocou-se ao Afonso Henriques na esperança de se chegar aos da frente. Sabia da dificuldade do jogo, da seriedade do mesmo e que ...

O Porto deslocou-se ao Afonso Henriques na esperança de se chegar aos da frente. Sabia da dificuldade do jogo, da seriedade do mesmo e que tinha de dar tudo para tudo levar. Mas ali, em Guimarães, cedo nasceu a desilusão, num deslize de quem menos se esperava. Casillas meteu água e o Porto afundou. Daí para a frente, o coração bateu, saltou, tomou conta da bola mas não do jogo. O Vitória tem o mérito de saber gerir (sem bola) um resultado favorável e aguentar a reacção azul e branca. O Porto entrou a perder e tarde reagiu. Vive das suas individualidades, desacredita-se e mentaliza-se de que um tropeção inicial vira trambolhão final. Sérgio Conceição festejou, chorou e lembrou as raízes: ser feliz exige trabalho.
Uma vitória táctica em Guimarães. Depois de uma entrada forte, por parte do Vitória, com o intuito de surpreender, o guarda-redes espanhol fez uma "Casilhada" que permitiu adiantar os Vimaranenses. Um lance incrível de um experiente "Senhor" do futebol. Após o golo, a equipa da casa continuou a pressionar a saída da bola azul e branca, colocando em dificuldades uma equipa que nunca soube muito bem o que fazer. Dourado e Ricardo geriam os momentos de pressão e a equipa acompanhava bem, com a linha defensiva e média relativamente subidas, mas não juntas. Sérgio Conceição, astuto, procurou corrigir um pormenor que podia fazer toda a diferença. O Porto parecia adormecido no erro de Casillas e o Vitória temia voltar a desperdiçar uma vantagem (com o Arouca chegou a ser de dois golos). Com fundado receio, Conceição pretendeu baixar o bloco, uma vez ultrapassada a primeira linha de pressão. Uma teia em que o Porto caiu e se deixou ficar.
Com uma gritante dificuldade em penetrar no bloco vimaranense, ou porque não tinha homens no caminho da bola, ou porque preferia flanquear o jogo na esperança de que um mágico qualquer (um Brahimi ou Corona, que não os de hoje) fizesse a diferença por si só, o Porto melhorava mas não encontrava o golo. É certo que a segunda parte foi uma história diferente, de quase total ascendente portista, mas a criatividade tinha ficado em casa e o coração deste Porto é diferente daquele que os seus rivais possuem. No segundo tempo, lá apareceram as combinações interiores, construídas por Brahimi, agora na faixa central. Surgiram mais bolas na área de Miguel Silva (que limpou tudo, como se de um "Senhor" se tratasse) e até foi cheirando a golo. Mas, quem tem de ganhar, tem de fazer mais e marcar quando as oportunidades aparecem. 

Este Porto apaga-se, ainda que não queira. Procura excessivamente as individualidades e está mentalmente instável. Talvez se sinta mais fraco do que verdadeiramente é. Quanto ao Vitória, fez o que queria: marcar, gerir e aguentar. Saber sofrer, saber controlar sem bola e fechar os caminhos do castelo. Uma noite em que Casillas deixa o Porto mal na fotografia e o resultado tornou-se mais do que um erro,  um castigo (bem penoso).

Nota negativa para Corona, Brahimi e Casillas. Os dois primeiros por não se quererem dar ao jogo e continuarem a insistir em jogadas individuais sem nexo. Casillas pelo que fez nos primeiros minutos...

Nota positiva para Sérgio Conceição, pela estratégia que montou e pela forma como conseguiu condicionar o jogo do Porto. Dourado e Ricardo tiveram o mérito de se sacrificarem em prol da equipa, pelo desgaste que tiveram e que causaram. E por fim, Miguel Silva, um garoto que cresce a olhos vistos e que domina precocemente a arte de saber defender. Dentro ou fora dos postes, a área é dele. O sossego vitoriano começou nas suas mãos.


RC
Tiago Carvalho

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