Maxi amanhã que nem um príncipe encarnado!

               Amanhã o Benfica recebe o Porto no jogo da jornada e que pode ajudar a definir se teremos luta a 3 ou se o título irá colorir...

               Amanhã o Benfica recebe o Porto no jogo da jornada e que pode ajudar a definir se teremos luta a 3 ou se o título irá colorir o marquês de verde ou vermelho. No inicio da temporada não era expectável que o Porto chegasse à luz nesta corda bamba que oscila entre o desespero do título perdido e da luta até final. Só a vitória interessará aos azuis e brancos. Por outro lado o Benfica não quer outro desfecho que não os três pontos, vindo de 11 vitórias consecutivas, os bi-campeões nacionais não entram tão pressionados na luz apesar do favoritismo que a sequência de resultados acarreta.


               Excluindo a habitual luta pelo título e as rivalidades sempre acesas neste jogo de tripla, o regresso de Maxi Pereira à Luz, onde actuou por 8 épocas, é um condimento especial num jogo já excitante por si mesmo.

               O uruguaio actuou a titular no Benfica desde 2006 e cresceu em sintonia com o crescimento desportivo do clube, temporada após temporada. A sua raça e entrega ao jogo sempre foram apreciadas pelos adeptos encarnados, olhando para o uruguaio como um dos seus em campo. O lateral parecia benfiquista de corpo e alma, correndo mais que todos, sofrendo mais que o resto. Um jogador querido entre a massa adepta, na plenitude das suas capacidades, um dos homens da casa que nunca iria sair, era a história que o mundo encarnado contava e imaginava. 

               Mas as histórias nem sempre têm finais felizes, e com o final do contrato veio o que menos se esperava: a saída para um dos eternos rivais, alguém que tinha dado tanto e recebido o equivalente em troca tinha dito adeus para ir para o outro lado da barricada, deixando o adepto do Benfica calado, atado, picado e porque não engasgado. Sem dúvida uma daquelas saídas que mais custou a engolir. 

               Como benfiquista, em Agosto ansiava por este jogo, o regresso do Maxi, o coro de assobios, o recital de insultos mas sempre com aquele aperto no peito de pensar que o rapaz está com a camisola errada. Hoje não estou assim tão ansioso pelo Maxi voltar à luz, a oportunidade de deixar o Porto fora da luta, a recuperação que o clube está a fazer e o tri a ser mais palpável como nunca fora até aqui, tiraram algum do protagonismo ao regresso do Maxi. Apesar disso sei que se o Maxi arrancar pela linha, por a bola por baixo das pernas do Eliseu ou cruzar com perigo (sem dar golo evidentemente, que o Júlio não deixa) vou sentir aquele aperto da perda. Por mim amanhã nem era o assobio que ele ouvia, era o grito de Benfica a toda hora, era no aquecimento passar nos ecrãs em loop aquele golo que ele marcou ao Milan, ou os festejos do uruguaio no marquês, ou mesmo o golo que apontou numa meia-final da taça da liga ao Porto. Chegava mesmo ao ponto de enfeitar no balneário visitante um cacifo para o Maxi como se ele ainda fosse jogador do Benfica, mais que lhe romper os tímpanos queria que ele jogasse com peito apertado e que mais que eu, ele próprio senti-se que estava de camisola trocada. 

               Hoje houve um jornal desportivo que aludia ao facto da antipatia dos benfiquistas por Maxi só rivalizar com a que têm pelo médio Rúben Micael, o que na minha opinião é um disparate completo. Como se pode comparar um jogador que nem sequer passou pelo Benfica com alguém que foi ídolo da torcida?! Ruben Micaeis houve e haverá muitos, então nessa equipa do Braga era um saco deles, desde o Vandinho ao Mossoró. Agora o Maxi é de outra estirpe, foi nosso, defendeu-nos, correu por nós e deixou-nos de rasto!  

               Custou mais que Kulkov, Iuran ou Maniche, é quase como o príncipe encarnado Rui Águas, o filho do eterno capitão José Águas, que poucos meses depois de bisar com as costelas partidas na meia-final dos campeões europeus frente ao Steaua deixou o Benfica e assinou pelo Porto.

               E foi a 23 de Outubro de 1988 que a Luz se encheu para receber o porto de Quinito, com o Rui Águas a liderar o ataque azul e branco. Nessa tarde de Outono, Rui foi só Rui e nada mais, perdeu o apelido que tanto a Luz respeitava quando o speaker anunciou o seu nome, ao intervalo num tempo em que os jornalistas podiam falar a toda a hora com os jogadores Rui dizia que aguentava os assobios. O jogo ficou num panchorento 0-0, o Porto não saiu da retranca e o Benfica esbanjou bolas de golo, mas nem Vata, Chalana ou Magnusson valeram ao Benfica de Toni. No final Miguel Sousa Tavares que nem Miguel Guedes dos anos 80, elogiava os adeptos enquanto mandava farpas para os speakers. 

               Quanto às equipas Quinito aguentou pouco tempo, na quarta-feira seguinte foi jogar à Holanda, frente ao PSV (campeão europeu em titulo) e perdeu 5-0, dias mais tarde era substituído por Artur Jorge. Quanto a Toni viria a ser campeão tranquilamente no último campeonato com 20 equipas. Já o Rui esse continuou a marcar como fazia na Luz, golos atrás de golos, mas apesar disso sabia que vestia a camisola errada, passados dois anos fez o seu mea culpa, voltou ao clube de sempre e os assobios transformaram-se em aplausos para a posteridade. 

               Como será amanhã não sei, que não fique a zeros e que o Benfica ganhe claro, quanto ao Maxi vai ser assobiado que se farta, e se for em proporção ao carinho que se tinha por ele o atlântico vai levar o som até Montevideu, mas reitero por mais assobios que o Maxi ouça sei que amanhã vai sempre custar-me ver o Uruguaio de azul e branco, mas se até já houve um príncipe da luz que fez o mesmo que importa isto no final de contas que não só um amuo da rejeição e da troca que será esquecido num par de anos?! Como outrora falou o Maxi, “jogadores vão e vêm e o Benfica continua grande”.  



BrunoAFNunes

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