Sporting - Leverkusen: Um leão mansinho perante alemães ferozes

O Sporting apresentou-se em campo com algumas alterações: Jefferson regressava à equipa após lesão, Mané estava no onze e depois haviam Teo...

O Sporting apresentou-se em campo com algumas alterações: Jefferson regressava à equipa após lesão, Mané estava no onze e depois haviam Teo e Aquilani, substitutos de Slimani e Adrien. E foi precisamente aqui, nestas duas substituições e nestas duas zonas do campo que o Sporting perdeu o jogo, a agressividade, intensidade e fluência do seu futebol. O leão foi facilmente domado e denota grandes dificuldades em conseguir ter uma equipa competitiva com rotatividade. Do outro lado está um Leverkusen frio, competente e compacto, com consciência da importância da competição. Chicharito não jogou e não fez falta, o Sporting não conseguiu fazê-los sentir saudades. A tarefa está extremamente dificultada e esperam-se momentos difíceis na Alemanha. O Sporting Uefeiro não está para grandes euforias. É oficial: o leão está focado internamente.


Noite europeia em Alvalade com um adversário alemão de calibre. O Bayer é um velho cliente de Jorge Jesus e conhece a arte táctica do português. Estava avisado que o Sporting tinha um ponta de lança daqueles chatos, lutadores e com faro para o golo. Estavam tão avisados que devem ter ficado de queixo caído quando se viram frente a frente com um Teo fora de forma, órbita, entrosamento e quase sem vontade. Um desacerto que incomodou as bancadas. Depois, no meio campo, Aquilani foi incapaz de assumir o ritmo e a batuta. Talvez competisse a João Mário essa função, mas o que é certo é que o internacional português também não o conseguiu... e podia continuar a falar dos erros e dos fracos rendimentos individuais da equipa leonina. Foram tantos que se reflectiram no rendimento colectivo. Se o Sporting joga mais do que aquilo que demonstrou? Sem dúvida. Se o adversário tem mérito? Claro que tem. O Leverkusen soube preencher os espaços que podia dar e aproveitar aqueles que o Sporting expunha. Bellarabi e Mehmedi apareciam repetidamente em desequilíbrios enquanto Kiesling se movimentava para que eles surgissem.

Aos 25 minutos de jogo, e num momento em que parecia que o Sporting estava a sacudir uma entrada menos boa e a assumir-se para o jogo (Jefferson tinha obrigado Leno a ir ao chão), o jovem Jevdaj saca um cruzamento para a zona de ninguém - a bola foge de Patrício e Coates, deixando-os mal na fotografia e a olharem para ontem - enquanto Bellarabi encostava. Alvalade sentia o frio do golo como se gelo se tratasse.

Até ao intervalo nada mudou: os leões pareciam presos numa teia bem montada, com Krammer a ser de uma entrega total ao jogo. O Sporting, para ser franco, parecia fino demais para vestir o fato de macaco. Preferia não arregaçar as mangas e voltar ao trabalho. Deixou-se andar. Foi um rasgo individual de Bryan Ruiz que deu esperanças, mas a bola acabou por não chegar a João Mário.

Ao intervalo os suspiros por Slimani e Adrien eram mais do que muitos. Havia ainda quem falasse em Gelson. Basicamente, o importante era dar mais ao jogo, impor mais ritmo e trazer um bocado mais de qualidade, criatividade e ambição. Alguém que quisesse desmantelar a teia e virar predador em vez de presa. Mas das cabines vieram os mesmos 11. Jorge Jesus voltava a confiar nos homens de início.

E a segunda parte trouxe mais 45 minutos de  desacerto. Teo voltou a ser uma nulidade, o meio campo leonino lento, precipitado, inconsequente e sobre brasas para tamanha pressão alemã, e cheirava a impaciência. Rui Patrício voltou a ver o perigo rondar a sua baliza enquanto Leno nunca pensou ter um jogo tão descansado. Perante tamanha inércia, Jorge Jesus mexe: e pensem lá bem quem entrou... Sim, Adrien e Slimani, para os lugares das suas duas apostas: Aquilani e Teo.

Com o argelino em campo as bancadas voltaram a acreditar e Adrien desejava dar rotação a um meio campo com um pé na embraiagem. Até que, o que parecia difícil vira impossível: entrada imprudente de Ruben Semedo e vermelho. A equipa fica reduzida a 10 homens e se a tarefa já era complicada, pior ficou. E não é que minutos antes Coates tinha saído aleijado?

Até final destaque para mais um lance de perigo do Bayer e novamente por Bellarabi. Um tiro de longe com a bola a ressaltar e esbarrar no poste de um desamparado Rui Patrício. O resultado final estava feito e o jogo acabava oficialmente (para o Sporting parece ter acabado muito antes, desde cedo).

A tarefa na Alemanha parece hercúlea, complicada demais para este Sporting Uefeiro. O chip é de campeonato, é a prioridade máxima de Jorge Jesus. Ele não esconde e a equipa não o nega. A rotação é deveras cirúrgica e expõe a nu as dificuldades do plantel em regenerar-se. O plantel do Sporting não é suficiente para, por exemplo, fazer face a duas ausências: Adrien e Slimani. E isto é preocupante.

Negativo
  1. o jogo leonino, a opção de rotatividade e a falta de intensidade e querer. Uma equipa apática quando comparada com a que foi apresentada nos jogos com os grandes, internamente, incluindo o Braga.
  2. Teo! Um desastre. Um peixe fora de água, para suavizar e resumir tamanho desastre.
  3. Mané e João Mário: pedia-se muito e pouco deram. Mané abusou nas jogadas individuais e virou inconsequente. Aquilani: um internacional italiano com a sua qualidade tem de dar mais, muito mais. 
  4. Ruben Semedo: já tinha cartão e entrou fora do tempo e a varrer. Perdeu a cabeça quando a equipa procurava o coração. Partiu-o ao meio.
  5. Jorge Jesus: É uma opção e pode dar ou não resultado. Se o Sporting lutar até ao fim pelo título ou se conseguir mesmo ganhá-lo, acertou em cheio. Se ficar por terra terá sempre esta Liga Europa no sapato. Pode mostrar e dizer que o plantel é curto e tem de fazer escolhas, mas no que se cinge à Liga Europa, ela merece um outro Sporting, sob pena de este não merecer esta competição.

Positivo: 
  1. A equipa alemã. Uma equipa adulta, exigente e competente. Uma máquina táctica bem oleada. 
  2. A entrega ao jogo dos germânicos ganhou de goleada e os seus automatismos foram perfeitos.
  3. Kramer e Bellarabi! Dois internacionais alemães que sabem o que fazem. Desequilibram e têm uma entrega ao jogo acima da média.

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