Um desabafo: Fui por amor ao Benfica, não por ódio ao Maxi

Este é o meu primeiro texto na Gola e a primeira vez em que escrevo sem ser por motivos profissionais ou em cartas de amor! Não queria qu...

Este é o meu primeiro texto na Gola e a primeira vez em que escrevo sem ser por motivos profissionais ou em cartas de amor! Não queria que saísse "a quente" e de modo irracional, mas o calor do jogo, o ambiente fervoroso e a paixão que tenho pelo espectáculo venceram-me.


Há já alguns dias que sabia que iria estar presente no belo Estádio da Luz para ver o sempre apaixonante Benfica-Porto. Como se não bastasse ir ao estádio, seria a minha estreia em Clássicos, ao vivo. 


Nos dias que antecederam o jogo, deparei-me com várias perguntas feitas para mim mesmo, em silêncio: Será que vamos ganhar e deixar o Porto arredado da luta pelo título? Será que o nosso meio campo conseguirá dar conta dos 3 homens do meio campo portista? E no meio de tantas perguntas que um benfiquista levanta, surgiu uma que, particularmente, me intrigou: Será que nenhum benfiquista se lembra dos 8 anos em que Maxi foi talvez o melhor profissional que vestiu o manto sagrado? Fui perseguido por esta interrogação simples e simultaneamente complexa, desejando que o desenrolar do jogo me respondesse.


E pelos vistos não era uma questão assim tão descabida. Maxi tornou-se um "espectáculo" à parte. Como todos sabemos, o futebol, feliz ou infelizmente, tem o condão de transformar pessoas e despoletar emoções: daí que os assobios e os insultos se tornem banais e que o destinatário seja visto como se de um assassino se tratasse.



A resposta à minha questão foi dada quando senti que milhares de pessoas se tinham deslocado à Luz acima de tudo para apupar Maxi, infernizando a vida do uruguaio e relegando o apoio à equipa do coração para segundo plano. Caramba, o Maxi é apenas um ser humano comparado com o Benfica!



E durante os noventa minutos houveram momentos de silencio absoluto por parte dos adeptos da casa, apenas destruídos por um couro gigante de assobios quando Maxi tocava na bola...


Quando a equipa puxava pelos adeptos, criando inúmeras oportunidades de golo, os adeptos respondiam com cânticos e gritos de gloria; mas quando a equipa precisou que os adeptos puxassem por ela, levando-a a acreditar que a vitória seria encarnada, isso já não aconteceu. E porque não aconteceu? Porque haviam demasiados nervos nas bancadas e o foco residia no acertar com todas as cartolinas vermelhas no número catorze (agora) portista - Guardo a imagem do amigo Nico e do menino Renato a apanharem as cartolinas dentro do relvado, enquanto os seus próprios adeptos continuavam a praticar tiro ao alvo.


Foto: Lusa

Maxi Pereira tem trinta e um anos e serviu com o maior dos profissionalismos o Benfica durante oito. Foi bicampeão nacional possivelmente já a saber que ia para o clube rival e mesmo assim apresentou niveis exibicionais elevadissimos. E das poucas vezes que não pôde estar presente certamente chamei pelo seu nome. 


Será que por pensar na sua família, ao aceitar possivelmente o último contrato milionário da sua carreira, podendo ficar em Portugal, e ter dito as palavras da "praxe" quando chegou ao Dragão, merece todo este tratamento? Antes de atirarem a pedra, ou neste caso a cartolina, pensem: se fossem vocês nessa situação, o que fariam?

Enfim, concluo este assunto dando uma palavra de apreço à claque do Porto que não se calou um minuto, mesmo em desvantagem no marcador, e dizendo que a partir dos sessenta minutos não foi só a equipa benfiquista que sentiu o peso das quatro derrotas com os grandes esta época, mas sim todo o estádio da Luz. 


E na volta, ainda com o amargo gosto da derrota, pensei: talvez juntos tivéssemos conseguido dar a resposta que era necessária. Talvez mais focados no jogo e menos no Maxi, conseguissemos que a equipa embalasse para a vitória...



Fui por amor ao Benfica, não por ódio ao uruguaio.




Um desabafo.

Nuno Reis

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