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Liga NOS: Porto - Estoril: Uma vitória, muita instabilidade, pouca paciência
02:02:00
Cerca de 40 mil pessoas foram ao estádio do Dragão assistir a um final de tarde futebolístico. A invicta queria acolher os seus jogadores e mostrar-lhes que o caminho faz-se caminhando, lado a lado. O Porto começou melhor, e logo aos 6 minutos de jogo Aboubakar faz o golo após um belo lance de Brahimi. O caminho para o golo estava descoberto, a vantagem trazia tranquilidade e agora estava na hora de cimentá-la e resolver o jogo. Mentira. O Porto nunca foi uma equipa tranquila, serena e lúcida, tem o dom de complicar jogos, enervar bancadas e perder discernimento. Não que o Estoril tenha tido oportunidades de golo em número e claras que justificassem inteiramente o rótulo de injustiça, apenas porque o Porto, para quem joga em casa e pretende os 3 pontos, nunca conseguiu assumir-se como melhor e superior. Maicon, o central brasileiro, acabou por matar o jogo na cobrança de um livre directo (com culpas para o "adivinho" Kieszek). Mas mesmo depois, faltou serenidade a este Porto. Resultado final, 2-0, vitória de um Dragão sem chama. Lopetegui ouviu os assobios, enervou-se, pediu a calma perdida pelos seus jogadores e tirou algumas conclusões importantes. Uma delas passa por dar qualidade de jogo à matéria prima de excelência que tem.
Uma palavra para este Estoril. Depois da derrota pesada mas enganadora na Luz, onde deixou uma excelente imagem, voltou a aparecer muito personalizado e adulto. É certo que voltou a perder e não teve ocasiões tão flagrantes, mas não teve medo e soube jogar. Os canarinhos a continuarem assim poderão estar descansados. Afinal, estes jogos não são do seu campeonato, como referiu o seu treinador.
Foto: Francisco Leong/AFP |
O Golo madrugador que não trouxe tranquilidade. Maicon acabou com as dúvidas mas não com significativos assobios.
O Dragão intimida, o Porto intimida, mas o seu jogo não. Logo muito cedo, Brahimi assumiu a batuta, idealizou e construiu o golo. Todavia, deu a Aboubakar o prazer de concluir a obra. Um golo madrugador, bonito e simples. O público pensava que a tarde ia ser bonita e atractiva. Enganou-se. Tudo isto porque a ideia que Lopetegui tem não é a mesma que os jogadores aplicam e o jogo portista torna-se previsível, denunciado e facilmente anulado. O toque de bola, a visão e imprevisibilidade de Brahimi tornam o futebol da equipa mais aceitável, mas Brahimi não consegue ser constante e é humano...
O golo não tranquilizou os da casa, o jogo não estava fácil e o adormecimento dos jogadores tornava as bancadas irrequietas. O mau estar dos adeptos era tão notório quanto a preocupação de Lopetegui. Varela saiu antes do intervalo para a entrada de André André. O sinal da insatisfação generalizada. Por entre erros e correcções, o Estoril crescia, subia e acreditava.
Pelo meio houve o Estoril humilde, que soube sofrer, tremer, recompôr-se e ir a jogo, tudo isto sem grandes vedetismos. Diego Carlos, Leo Bonatini e Bruno "Chuta-Chuta" César, levaram o pânico à zona mais defensiva dos azuis e brancos. Casillas esteve lá quando preciso, segurando os tremores.
63 minutos de jogo e o golo de Maicon. Um pontapé na impaciência portista e a confirmação dos 3 pontos. Kieszek não soube adivinhar, nem defender. Um erro do polaco que em nada tira o mérito do livre do central. Com 2-0 a equipa respirou um pouco mais, ainda que sem grande confiança. O Estoril lamentou mas continuou a jogar com qualidade e identidade. Nunca se encolheu em demasia, nunca quebrou, não se entregou. O maior elogio da noite, apesar de terem sido os derrotados.
Antes do apito final, dois erros da equipa de arbitragem: uma mão dentro da área do Estoril, ignorada, e um fora de jogo mal ajuizado a Herrera, num lance de golo. Lopetegui ainda se agarrou aos 3 golos marcados para deixar recados e justificar o que para muitos é injustificável - a exibição. Apesar dos erros, a vitória já estava feita e o Porto voltou a sorrir e a assumir o topo da Liga.
É um novo Porto, é certo, mas o Porto tem, obrigatoriamente, de ser muito mais do que isto.
É um novo Porto, é certo, mas o Porto tem, obrigatoriamente, de ser muito mais do que isto.
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